Um extracto do livro "Pés Frios Dentro da Cabeça", de António Pocinho, serviu de mote para uma noite de escrita desformatada.
Dez minutos depois, oito metas diferentes para o mesmo ponto de partida.
"Saiu-me um político nos corn-flakes. Um político que eu já tinha. Perguntei aos colegas lá na cantina se não tinham nenhum político repetido para a troca, mas descobri que todos eles já tinham governo formado. Cada governo dava direito a um povo. Havia colegas meus que até já tinham vários povos e estavam a..." tentar perceber para o que é que eles serviam. A ganância inicial de juntar mais e mais políticos para obter mais e mais povos há muito os tinha abandonado. Mesmo assim, continuavam a juntar e a juntar. A diferença é que agora tentavam encontrar um significado para o que faziam. Qual era a vantagem de ter tantos povos? Será que eram assim tão diferentes entre si? E quantos povos seriam suficientes? E, suficientes para quê?...
Eu observava-os, nestas filosofia,s todos os dias lá na cantina. Entre uma garfada e outra as discussões prosseguiam, mais ou menos agitadas consoante o tempero do prato do dia. Todos eles tinham ideias e opiniões que empunhavam uns contra os outros como nos combates de esgrima. E eu ouvia-os, com alguma inveja face a todo aquele empenho. É que eu ainda estava a tentar perceber o que faria com o meu governo quando o tivesse formado.
(“Isto será um dos etceteras mais felizes.”)
1 comentário:
"Os Cromos de Rutix"...uma sugestão ;-)
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