sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pés Frios Dentro da Cabeça

Um extracto do livro "Pés Frios Dentro da Cabeça", de António Pocinho, serviu de mote para uma noite de escrita desformatada.
Dez minutos depois, oito metas diferentes para o mesmo ponto de partida.
"Saiu-me um político nos corn-flakes. Um político que eu já tinha. Perguntei aos colegas lá na cantina se não tinham nenhum político repetido para a troca, mas descobri que todos eles já tinham governo formado. Cada governo dava direito a um povo. Havia colegas meus que até já tinham vários povos e estavam a..." tentar perceber para o que é que eles serviam. A ganância inicial de juntar mais e mais políticos para obter mais e mais povos há muito os tinha abandonado. Mesmo assim, continuavam a juntar e a juntar. A diferença é que agora tentavam encontrar um significado para o que faziam. Qual era a vantagem de ter tantos povos? Será que eram assim tão diferentes entre si? E quantos povos seriam suficientes? E, suficientes para quê?...
Eu observava-os, nestas filosofia,s todos os dias lá na cantina. Entre uma garfada e outra as discussões prosseguiam, mais ou menos agitadas consoante o tempero do prato do dia. Todos eles tinham ideias e opiniões que empunhavam uns contra os outros como nos combates de esgrima. E eu ouvia-os, com alguma inveja face a todo aquele empenho. É que eu ainda estava a tentar perceber o que faria com o meu governo quando o tivesse formado.
(“Isto será um dos etceteras mais felizes.”)

1 comentário:

RCC disse...

"Os Cromos de Rutix"...uma sugestão ;-)