Passeando pelas ruas de Toulouse, descobrimos umas curiosas placas metálicas presas nas paredes dos prédios, ao lado das portas.
O que é? O que não é?
Alguém se lembrou (e muito bem) que seriam para limpar os sapatos e surgiu mais um momento Feetbook a la française.
Enquanto prosseguíamos caminho, surgiu, do fundo da minha memória, a recordação de ver algo semelhante ao lado da porta da casa dos meus avós. Lembrei-me de uma plaquinha metálica presa ao chão onde eu, em menina, gostava de esfregar os sapatinhos antes de entrar, mesmo que eles não estivessem sujos.
Ninguém se lembrava de ver tal coisa em Lisboa ou arredores. Para meu espanto, ali em Toulouse, também eu não me consegui lembrar se essa plaquinha ainda existia e se era comum na zona onde viviam os meus avós.
No regresso a casa, lá fui ver se a plaquinha ainda estava à porta do prédio onde ainda hoje mora a minha avó. E está! Ou, melhor, estão. São duas, uma de cada lado. Percorri a praceta e a rua adjacente, em busca de mais exemplares, mas em vão.
Ao comentar o estranho caso dos “limpa-pés” com a minha avó, fiquei ainda mais surpreendida. As duas que nos recebem à entrada, em semiobscuridade, foram mandadas fazer pelo meu avô, há mais de 40 anos, quando poucas eram as ruas já alcatroadas.
Uma recordação de família, passada para a nova geração.
Fotos: Muhipiti e Rutix.