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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"Quanto Pesa uma Nuvem" - texto de uma All Star


"Há muito, muito tempo, havia um cientista solitário e maluco.
O seu grande sonho era ser famoso; fazer uma experiência nunca antes feita!
Mas, o quê? E como?
 
- Tenho de fazer uma coisa que me faça famoso, algo sensacional! - dizia ele, olhando para as suas experiências que nunca tinham resultado.
 
Nesse mesmo dia, foi à varanda fumar um charuto. Deitou-se na espreguiçadeira e, enquanto fumava, exclamou:
 
- Já sei! Já sei! Já sei! Quem se lembraria disto?
Vou já buscar outro charuto, pesá-lo e fumá-lo calmamente. Vou guardar todas as cinzas. Depois de fumado, vou pesar as cinzas, subtrair o peso das cinzas ao peso do charuto e assim descubro, finalmente, o peso da nuvem de fumo! Sou genial!
 
E assim, disse a toda a gente a sua descoberta que acabou por aparecer nos jornais de todo o mundo.
 
Finalmente era famoso. Finalmente tinha chegado onde queria.
Ser cientista é a melhor coisa do mundo!!"

Texto: Gabix, 10 anos. Prémio Visão Junior, Nov. 2013
Foto: Gabix com os seus All Stars vindos directamente da Tailândia

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pés Frios Dentro da Cabeça

Um extracto do livro "Pés Frios Dentro da Cabeça", de António Pocinho, serviu de mote para uma noite de escrita desformatada.
Dez minutos depois, oito metas diferentes para o mesmo ponto de partida.
"Saiu-me um político nos corn-flakes. Um político que eu já tinha. Perguntei aos colegas lá na cantina se não tinham nenhum político repetido para a troca, mas descobri que todos eles já tinham governo formado. Cada governo dava direito a um povo. Havia colegas meus que até já tinham vários povos e estavam a..." tentar perceber para o que é que eles serviam. A ganância inicial de juntar mais e mais políticos para obter mais e mais povos há muito os tinha abandonado. Mesmo assim, continuavam a juntar e a juntar. A diferença é que agora tentavam encontrar um significado para o que faziam. Qual era a vantagem de ter tantos povos? Será que eram assim tão diferentes entre si? E quantos povos seriam suficientes? E, suficientes para quê?...
Eu observava-os, nestas filosofia,s todos os dias lá na cantina. Entre uma garfada e outra as discussões prosseguiam, mais ou menos agitadas consoante o tempero do prato do dia. Todos eles tinham ideias e opiniões que empunhavam uns contra os outros como nos combates de esgrima. E eu ouvia-os, com alguma inveja face a todo aquele empenho. É que eu ainda estava a tentar perceber o que faria com o meu governo quando o tivesse formado.
(“Isto será um dos etceteras mais felizes.”)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Foi assim que tudo aconteceu...


O desafio de hoje foi recortar imagens ao acaso de revistas ao acaso. Engalanar com os recortes uma folha em branco – reparem como um pezinho arranjou logo maneira de se esgueirar - e, depois, claro, escrever um texto a propos. Condição única: começar com: “foi assim que tudo aconteceu”.
Os 10 minutos de que dispunha esgotaram-se em olhadelas para o tecto e rabiscos na folha e o resultado foi um texto curto e melancólico.
Já a caminho de casa, outra história começou a tomar conta da minha imaginação que, à boa maneira alentejana, precisa de tempo para apurar.
Fica a nova história e o desafio a quem quiser tentar, em 10 minutos, dar outra volta às imagens.
**********

- E, foi assim que tudo aconteceu.
Herculano Pereirinha terminou de falar e lançou um olhar triunfante em seu redor.
O seu fim-de-semana de relaxamento no spa Evasões tinha sido interrompido abruptamente, quando a dona do estabelecimento, D. Amélia Castellar, entrara ofegante na sala do banho turco, gritando que Placido, o seu melhor massagista, tinha sido assassinado.
Uma hora bastou para que Pereirinha, sempre trajando os seus calções de banho pretos com um ginkgo verde bordado, trajos menores a que um banho turco obriga, resolvesse o mistério. A pegada na relva e a folha dobrada em forma de barco não deixavam margem para dúvida.
Todos os empregados e clientes tinham sido reunidos ao pé da piscina, e estavam sentados nas bordas das espreguiçadeiras, alguns ainda de roupão turco vestido ou com ridículas tocas de nylon na cabeça.
A luz da manhã penetrava pela janela aberta, aquecendo um pouco os ânimos ainda em choque.
Ninguém conseguia acreditar que o assassino fosse o cozinheiro, il signore Pucini. E tudo porque o massagista tinha descoberto a receita de bacalhau com broa – invenção de seu avô – e estava a usá-la como exfoliante nas clientes mais extravagantes.
Finalmente, D. Amélia conseguiu recompor-se o suficiente para quebrar o silêncio.
- Tudo o que diz é muito bonito, sr. Parreirinha, mas....
- Pereirinha, corrigiu o detective.
- Pois, volveu ela, mas o facto é que o culpado há muito que se evadiu destas instalações. O que pretende fazer a esse respeito?
- Não se preocupe, minha senhora! Já alertei a polícia que colocou os cães no seu encalço. Il signore Pucini será ritrovato e trazido perante a justiça. Nem que para isso seja preciso dar a volta ao mundo.