Sair de Lisboa debaixo de chuva para assistir a teatro ao ar livre em Sesimbra. Risco recompensado por vislumbres de sol através do nevoeiro quente que exaltava os cheiros da terra e dos pinheiros. Por um espectáculo minimalista na forma e profundo no sentido. Por uma banda sonora inspirada. Por uma sopa da pedra deliciosa e reconfortante.
"Utilizamos uma escolha sonoplástica de grande duração em tempo, quase semelhante ao tempo textual, e muitas vezes literal à cena. Actores muito jovens e a Mill concebendo uma simplicidade cenográfica de artefactos caseiros.
Das circunstâncias que nos levaram a colocar a questão, Porque Vale a Pena Viver? As nossas inquietações, as monstruosas guerras, violações, mortes, onde o ser humano se revela um verme infame ou infamado. As relações doentias entre mulheres, homens e crianças indefesas, de violência sadismo e guerra psicológica. A cultura a ser relevada ao nível do lixo e nem sequer enunciada pelos políticos. O alimento e a mesa. O local onde o humano se observa como um ser em devir civilizacional.
Textos de Harold Pinter, Bernardo Soares, Leonardo da Vinci, George Steiner e outras reflexões internas e alheias.
Apareça e divirta-se neste espectáculo com humor, amor, interrogações e declarações, à mistura com o cheiro do mar e das plantas da Aguncheira."
São José Lapa
“Porque, de resto, o que somos é esfinges falsas e não sabemos o que somos realmente. O único modo de estarmos de acordo com a vida é estarmos em desacordo com nós próprios. O absurdo é o divino.” Fernando Pessoa (Bernardo Soares), O Livro do Desassossego