terça-feira, 21 de maio de 2013

O Forte do Zequinha


Só quando o carro passou pela placa à beira da estrada é que percebi onde estava. Perto de Elvas, sim, mas ainda mais perto de uma antiga história de família.
 
Importante fortificação, posteriormente convertida em prisão militar, o Forte da Graça, era “O Forte” que acompanhava o “Zequinha” na alcunha que o meu avô José ganhara logo nos primeiros anos de vida.
 
Subi até ao imponente baluarte, e pela primeira vez senti as muralhas a que o Zequinha do Forte, com apenas 3 ou 4 anos, se assomou, em periclitante equilíbrio, para ver um ninho cheio de ovos de pássaro alojado numa fenda da amurada. Valeu-lhe um par de mãos forte e os reflexos rápidos de um oficial que fazia a ronda.
Toda a vida ouvi esta história, como se tivesse passado num local virtual e incorpóreo. Uma singela lenda familiar que agora se enchia de vida e dimensão.
 
A fortaleza está tristemente em ruínas. Numa das casas construídas nos baluartes pentagonais viveram os meus bisavós. Entrei numa delas ao acaso. Vazia; paredes forradas a cimento, tijolos em vez de janelas. É preciso um esforço grande da imaginação para conceber que alguém aqui alguma vez morou, trabalhou, criou uma família.
 
Património Mundial da Unesco, o Forte da Graça está vetado ao abandono.
 
É arrepiante ver o estado a que chegou um edifício que marcou a história do pais.
 
Assustadores são os boatos de que poderá vir a ser vendido a um grupo empresarial chinês.....
Fotos: Muhipiti. www. Elvas. Novembro 2012.

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