Barca d'Alva
No fim-de-semana das festividades de Sto. António, 3 membros da equipa dos pezinhos
resolveram deslocar-se ao Norte de Portugal e recuar no tempo mais de 20 mil anos.
Na bagagem, curiosidade, bravura e desejo de mudar de ares
trouxeram alento para as (ainda que curtas) caminhadas a 3 dos vários núcleos de gravuras --
Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos (ou Muxagata).
Muitos mais são os grupos de gravuras existentes - mais de 20 - mas, nem todos abertos ao público. Grande parte das gravuras do nosso Património datam do Paleolítico Superior e têm entre 10 e 23 mil anos. As mais antigas que se conhecem datam de há 30 mil anos. De entre os vários núcleos visitados, uns destacam-se mais pela beleza envolvente, outros pela própria riqueza e diversidade das gravuras. Percebemos que o interesse político esmoreceu por completo e deixámos cair no esquecimento esta imensa riqueza Nacional. Exemplo disso, é um Museu (de localização priveligiada sobre o Douro) que está para ser inaugurado há anos... os guias começaram por ser 17 e estão reduzidos a 5, não conseguindo dar vazão aos cerca de 20 mil visitantes/ano.
Desconhecem-se os motivos da tendência para a aglomeração (e mesmo sobreposição) das gravuras nas mesmas rochas. Existem teorias que defendem que, entre os homens pré-históricos já existiam artistas e nem todos estavam destinados à arte da caça. As cenas mais retratadas são figuras animais - cavalos, bois, touros, peixes (em número reduzido) e cabras - mas também pudemos observar uma figura humana (algo mutante), na Muxagata. O que levaria os nossos antepassados a desenhar estas figuras? Motivos místicos, religiosos, veia artística, por mera descoberta desta possibilidade ...? Utilizavam quer a técnica de gravar, quer de desenhar e, como certo, apenas a nossa possibilidade de dar asas à imaginação e recuar no tempo, até aos primeiros Homo sapiens sapiens.
Esta região vinhateira convida à descoberta de vales e socalcos profundamente marcados. Percorremos ainda aldeias e vilas históricas como Almeida, Marialva ou Torre de Moncorvo e atestámos o bom paladar da (igualmente rica) região gastronómica. Vinhos generosos e farta comida, a pedir longas caminhadas e lenta degustação.
Na memória, ainda os voos rasantes da águia de Bonelli e as centenas de pombais que povoam toda a região.
Não votar ao esquecimento o que é de todos nós e que
foi afinal uma (única?) vitória, da riqueza cultural sobre interesses de gigantes económicos/políticos, que poderá continuar a perpetuar a sua história para futuras gerações.